TRANSEUNTIS MUNDI
Deriva OIKOS
pelo cuidado da nossa casa

O vínculo que dá essência à personificação do Transeuntis Mundi é a sua íntima relação com a sua casa: a Pachamama, a Mãe Terra – que, com toda devoção e propriedade, devemos chamar nossa casa.

Os gregos utilizavam a palavra Oikos para nomear sua casa e, com essa palavra, não apenas faziam referência ao espaço físico, mas também buscavam descrever o ato de habitar e administrar o lar – aquele espaço singular onde a fogueira aquece a intimidade, onde se preparam os alimentos e se oferece proteção e abrigo aos que ali fazem uma pausa em sua jornada. Uma informação que hoje nos apropriamos para usar como radical em conceitos tão relevantes, como ecologia e economia, termos que têm sido propostos como adversários. Sem dúvida, trata-se de um exercício de conscientização sobre a intrínseca relação entre o cuidado da casa e o cuidado de si. Em ambos os conceitos, a gestão dos recursos e as interações se tornam a chave para o bem-estar individual e coletivo – uma evidência que não pode mais ser considerada abstrata, pois se torna urgente pelos efeitos da alteração global do clima, das doenças, da contaminação das fontes de água, da disputa por recursos naturais e outros assuntos dos quais depende a sobrevivência humana.

É por isso que a Deriva Oikos acompanha os itinerários do Transeuntis Mundi; o faz enquanto registra alguns dos lugares nos quais, além de deixar sua marca, exibe seu poder de transformação e, consequentemente, também enfrenta a responsabilidade que lhe cabe na gestão dos recursos e da saúde. Uma jornada transformada em realidade e que podemos compartilhar graças às mediações do metaverso.

A Deriva Oikos propõe uma experiência que tem a missão de induzir a reflexão, a participação e a criação coletiva. Recorre a uma abordagem pela via da empatia, ao nos fazer perceber que, de fato, somos todos Transeuntis Mundi e que aquilo de que somos testemunhas é o resultado das jornadas de nossos ancestrais. Uma confluência que necessariamente conduz à tomada de posição, à ação. E o primeiro passo para agir é reconhecer o vínculo entre nós que compartilhamos a experiência de habitar a casa que nos dá abrigo e a nossa casa-corpo, herança de uma evolução biológica da espécie que também compartilhamos.

A imersão nas diferentes realidades de outros Transeuntis Mundi, transformados em espectadores das histórias mínimas que compõem o cotidiano nos lugares mais distantes, nos mostra o quanto nos parecemos, apesar de protagonizarmos realidades tão distintas. Uma soma de relatos que, em conjunto, constroem a história humana.

A criatividade e a sensibilidade concorrem para a capacidade do Transeuntis Mundi de imaginar e realizar todas as versões possíveis do mundo. Por isso mesmo, nos dão o poder de reinventar, coletivamente, o habitar de nossos corpos, territórios e cidades e, por fim, renovar o pacto de cuidado com nossa casa e com nossa saúde. “Esse pequeno ponto azul no vasto universo” (nas palavras de Carl Sagan), que é o único cenário do presente e que tornará possível o futuro para o Transeuntis Mundi.

Niterói, novembro de 2024.

Borges & Vélez